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05/03/2012

A história do Thrash Metal contada pelos músicos [Parte 6]

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Graças a Master of Puppets, o thrash metal havia chegado ao mainstream. Outras bandas foram contratadas por grandes gravadoras depois do Metallica. Uma delas foi o Slayer, que trabalhava em seu terceiro álbum, Reign in Blood, enquanto o Metallica estava na estrada com Ozzy.
Brian Slagel – Havia uma competição entre as bandas para ver quem tocava mais rápido. Era por isso que elas eram classificadas de speed metal antes do surgir o termo thrash metal. O Slayer queria ser a banda mais rápida e pesada de todas.
Tom Araya – Nós tínhamos algo de black metal vindo do Venom, e isso nos colocou em outro nível. A ideia por trás de Reign in Blood era não fazer outro álbum lento como Hell Awaits, mas sim um disco rápido com canções curtas. Esse era o nosso objetivo.
Kerry King (Slayer) – O que eu lembro de quando compus essas canções? Não faço a menor ideia, cara …
Brian Slagel – Alguém me falou que Rick Rubin estava interessado no Slayer, e eu pensei: “Ok, isso é interessante. Def Jam, um selo de rap ...” Fui encontrá-lo, e Rubin era, definitivamente, muito mais headbanger do que eu imaginava. Ele realmente desejava o Slayer, e foi mais agressivo que qualquer outro que queria ter o grupo.
Tom Araya – O que Rick Rubin trouxe para o processo? O seu ouvido musical. O que aconteceu com Reign in Blood é que, embora ele fosse rápido, você podia ouvir tudo. Esse foi o toque de Midas de Rubin.
Brian Slagel – As demos de Reign in Blood tinham cerca de 34 minutos, mas quando finalizamos o disco ele tinha aproximadamente seis minutos a menos.
Tom Araya – Nós fizemos as mixagens, e eu pensei: “28 minutos?”. Falei para Andy Wallace, que era o engenheiro: “Isso é tudo?”. Ele: “Bem, é isso”. Perguntamos se isso seria um problema para Rick, e ele respondeu: “Bem, um álbum se constitui de 10 faixas, e nós temos 10 faixas”.
Jeff Hanneman (Slayer) – Quando nós finalizamos o disco e vimos a capa, uma pintura do artista Larry Carroll com Satã sendo carregado por homens com ereções, eu soltei um “yeah”! Eu tive a pintura original em minha casa durante anos.
Kerry King – Eu acho a capa legal e demoníaca. Ela não me incomoda em nenhum sentido. E, na boa, eu realmente não me importo com isso.
Tom Araya – Foi preocupante quando a Columbia se recusou a lançar o disco. Isso aconteceu por causa daquela faixa, “Angel of Death”, sobre o médico nazista Joseph Mengele.
Jeff Hanneman – Assisti um documentário que falava como os assuntos que você utiliza para escrever sobre o demônio, e a pesquisa que você faz para isso, faz você perceber o quão doentio o ser humano pode ser.
Kerry King – É assim que as coisas funcionam. Nós não tentamos mostrar quem é bom ou quem é ruim.
Lars Ulrich – Eu acho que o Slayer é a banda mais interessante daquela cena porque eles são os mais extremos. Eles não dão a mínima para ninguém, e por isso são tão legais.
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Em 10 de setembro de 1986, no St Davis Hall em Cardiff, no País de Gales, o Metallica iniciou uma tour pela Europa como atração principal, tendo o Anthrax como banda de abertura. No dia 27 de setembro, depois de um show em Estocolmo, eles voltaram para o ônibus da turnê para uma viagem noturna até Copenhagen. Nas primeiras horas da manhã, próximo à cidade de Ljunby, o ônibus derrapou no gelo e capotou para fora da estrada. Cliff Burton foi jogado de seu beliche e atravessou a janela. O ônibus caiu em cima do baixista, tirando sua vida. Pouco antes, Cliff tinha jogado uma moeda com James para decidir quem ficaria com o beliche. Acontecia o primeiro choque de realidade do thrash metal.
Charlie Benante – Nós estávamos viajando na frente. Nos despedimos, e quando chegamos ao local encontramos crianças nos perguntando: “Vocês viram o que aconteceu com o Metallica?”. Eu já havia perdido pessoas na minha família, mas aquilo foi muito estranho.
James Hetfield – Eu vi o ônibus deitado em cima dele. Vi suas pernas esticadas para fora, e surtei! O motorista estava tentando puxar o cobertor que estava com Cliff para dar para outra pessoa. Olhei para ele e gritei: “Não faça isso!”. Eu queria matar aquele cara. Nosso tour manager falou: “Vamos manter a banda unida e voltar para o hotel”. Eu pensei: “A banda? Não existe mais banda, somos apenas três caras”.
Gem Howard – Tinha uma jornalista japonesa chamada Terri Mashizuke. Ela era como uma garotinha de escola, bem pequena. Ela entrou no escritório da Music for Nations em prantos, e a maioria de nós começou a chorar.
Eric Peterson – Nós tínhamos um show com Jonny e Marsha Z, da Megaforce Records. Jonny era muito próximo do Metallica naquela época. Estávamos ensaiando, e Jonny olhava fixamente para o bumbo. Ele estava perdido, e falou: “Cliff morreu na noite passada”. E começou a chorar. Todos nós derramamos algumas lágrimas.
Kirk Hammett – Nos últimos quatro ou cinco meses de sua vida, Cliff começou a tocar bastante guitarra. Ele fazia uns acordes enquanto ouvia música e pedia umas dicas para mim. Lembro que ele amava a maneira como Ed King, do Lynyrd Skynyrd, tocava.
Dave Mustaine – Eu sempre pensei em Cliff como um grande músico. Nós não tivemos a chance de ter qualquer tipo de relacionamento.
Lars Ulrich – Nós ficamos obviamente de luto, mas depois que a raiva começou a passar percebemos que ele não morreu da maneira como as pessoas que estão envolvidas com o rock morrem, geralmente em consequência do uso abusivo de álcool e drogas. Cliff nunca fez isso.
Brian Slagel – Umas quatro semanas depois da morte de Cliff, Lars me ligou e perguntou se eu não tinha um baixista para indicar para a banda. Minha primeira sugestão foi Joey Vera, do Armoured Saint, mas ele não quis sair do grupo. Então eu falei: “Olha, tem uma banda chamada Flotsam and Jetsam, e o baixista é um grande fã do Metallica. Acho que é o cara certo”. O Flotsam era a banda de Jason Newsted, ele compunha tudo lá. Chamei Jason para conversar e disse: “Você está indo de uma banda onde compõe todo o material para uma onde não poderá falar nada. O Metallica é a banda de Lars e James, você será apenas o baixista. Tudo bem para você?”. Depois de um mês, Jason estava no Metallica .

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